Agente Funerário há 25 anos, boa conversa e diversas histórias estão garantidas quando falamos com Batista Leopoldo Stivanello, de 65 anos. O mais novo dos 14 irmãos, há 40 anos o concordiense escolheu o município de Seara como seu lar. – Posso dizer que Seara é minha terra, a gente chegou aqui muito cedo e […]
Agente Funerário há 25 anos, boa conversa e diversas histórias estão garantidas quando falamos com Batista Leopoldo Stivanello, de 65 anos. O mais novo dos 14 irmãos, há 40 anos o concordiense escolheu o município de Seara como seu lar.
– Posso dizer que Seara é minha terra, a gente chegou aqui muito cedo e viu tudo crescer, não troco Seara – fala.
Com grande experiência na área, seu Batista destaca como é trabalhar como agente funerário.
– A gente faz o serviço completo, desde a preparação do corpo, parte funerária, velório e sepultamento, seja na casinha ou gaveta – diz.
Segundo o agente funerário, os trabalhos estão mais difíceis nos últimos tempos por conta da superlotação no cemitério municipal.
– Sabemos que de uma hora para a outra não se faz cemitério, é preciso diversas licenças e valores – destaca.
Histórias
Ao longo dos anos, como diz um ditado: seu Batista já viu e ouviu de tudo um pouco e claro, tem casos que ficam marcados em sua vida e trabalho.
– Cada caso é um caso, o mais difícil é quando precisa fazer funeral de recém-nascido e crianças. Um caso que me marcou muito, foi aquela fatalidade das duas crianças que morreram afogadas no rio porque foram atrás de uma tartaruga – acrescenta.
Já realizando o funeral da mãe, pai, irmãos e falecida esposa, seu Batista ressalta que para trabalhar como agente funerário precisa muita cabeça e estômago para desempenhar a função.
– Sempre digo que não é qualquer um que faz esse trabalho, precisa estar preparado psicologicamente e saber filtrar bastante situações. A gente precisa saber lidar com a família na hora do desespero, lidar com calma, tranquilidade pois é um momento difícil – fala.
Exposição
Durante a pandemia, seu Batista perdeu irmã e uma cunhada. Segundo ele, a Covid-19 trouxe diversos ensinamento para as pessoas.
–Já fui buscar um corpo na UTI Covid, precisa embalar e sair com o caixão lacrado além de avisar a família que não pode olhar. É triste demais, ainda sabendo que estamos expostos ao vírus, quando volto para casa tenho minha família e netos – fala.
Batista ainda comenta sobre o serviço 24h, sem espera, se o telefone tocou pode ser hora de sair correndo.
– Nosso serviço não para, não tem dia, noite, hora, lugar, frio ou calor. Por isso é preciso amor à profissão porque tem muito desgaste. Mas se tivesse que escolher de novo, eu escolheria a profissão novamente, faço com dedicação e amor, ainda mais tendo minha família comigo – diz.
Um dos principais ensinamentos que seu Batista leva dos 25 anos de profissão é sobre respeito.
– Se quer respeito tem que saber respeitar. Meu lema é respeito e educação, estamos no pior momento que existe, quando se perde um ente querido. Sempre buscamos consolar, tem gente com bom temperamento, outros não tanto, mas o principal é estar preparado para tudo – finaliza.
É assim que seu Batista leva a vida, como ele mesmo diz: trabalhando e lutando.