Maria Eugênia Serafim Rech, assim se chama uma mulher corajosa que marcou a história de Seara. Nascida no ano de 1929 em Biguaçu, Maria era a primogênita com nove irmãos e se formou no curso complementar com seus 15 anos. No ano seguinte, ela fez estágio durante um ano em uma Escola Municipal na comunidade […]
Maria Eugênia Serafim Rech, assim se chama uma mulher corajosa que marcou a história de Seara.
Nascida no ano de 1929 em Biguaçu, Maria era a primogênita com nove irmãos e se formou no curso complementar com seus 15 anos.
No ano seguinte, ela fez estágio durante um ano em uma Escola Municipal na comunidade de Santa Maria, no município de Biguaçu. No final deste mesmo ano, houve escolha de vagas para o Departamento de Educação, em Florianópolis.
Os pais de Maria estavam felizes, pois sua filha finalmente poderia assumir uma escola próxima a eles e conseguiria ajudá-los nas contas de casa.
Chegando sua vez na escolha de vagas, Maria viu que não havia mais vagas próximas de onde ela morava, apenas na parte Oeste do estado, em uma cidade chamada Seara.
Maria foi corajosa e aceitou a proposta, que de início era apenas para lecionar seis meses e retornar para casa.
Chegando em casa, a jovem deu a notícia para seus pais, que logo de cara ficaram apreensivos e choraram muito, mas precisaram aceitar pois a ajuda da filha nas contas era necessária.
Resolvida a questão da passagem e os documentos necessários para assumir a Segunda Escola Estadual de Seara, Maria arrumou suas malas e seu pai a acompanhou até Lages, onde ficaram em uma pensão.
Infelizmente seu pai não pôde ficar com ela até sua ida definitiva, e pediu para o prefeito de Concórdia na época, que se encontrava na cidade com sua esposa a passeio, ajudasse ela a chegar em Seara.
O prefeito disse que a jovem iria com ele e sua esposa de ônibus para Concórdia assim que o tempo melhorasse, pois estava chovendo muito e o trânsito para a cidade estava bloqueado.
Se passaram quatro dias e Maria precisou acertar os dias em que ficou na pensão, infelizmente o dinheiro que ela havia levado era pouco e por isso teve que vender seu vestido de formatura para o dono da pensão para abater o valor de sua hospedagem.
No caminho a jovem fez amizade com a esposa do prefeito, que a animou em relação a cidade de Seara.
— Cheguei em Concórdia e fiquei na casa do prefeito por dois dias porque o ônibus para Seara fazia a linha apenas duas vezes por semana, foi uma viagem muito longa — comenta.
A jovem chegou em Seara em 22 de fevereiro de 1946, com seus 17 anos, sozinha e um pouco assustada. Direcionaram ela para o hotel onde ficaria hospedada e deram as boas-vindas para a primeira professora de Seara.
Maria descreveu que seu primeiro dia de aula foi emocionante, pois quando ela entrou na sala, notou que havia alunos mais altos que ela e que praticamente todos eram italianos e não sabiam falar ou ler português.
As disciplinas lecionadas por ela eram Português, Matemática, Geografia, História do Brasil, conhecimentos gerais, Educação Moral e Cívica, Desenho, Religião, Canto Orfeônico e Dramatização.
Sua turma era composta de alunos de todas as idades. Ela dava aulas para a primeira, segunda, terceira e quarta série, todas juntas.
Maria comenta que no início foi muito difícil, pois a estrutura onde dava suas aulas era muito precária, faltava recursos e materiais.
Ela comenta também que sofreu muito preconceito pois naquela época, as mulheres não viajavam sozinhas e nem saiam da casa dos pais para estudar. Mas que não deixou isso afetá-la.
Em 1948, as duas escolas de Seara estavam com um alto número de matrículas e por isso foi criado o Grupo Escolar Raimundo Corrêa. Maria decidiu trazer sua irmã Vilma para lecionar junto com ela. E logo depois surgiu a ideia de trazer toda a sua família para o município.
Seus pais chegaram na cidade no início de 1950, mas não se adaptou ao clima que desencadeou problemas de saúde e tiveram que voltar à cidade natal.
Sua irmã Vilma se casou e Maria ficou sozinha mais uma vez e teve que morar em uma pensão. Ainda em 1950, Maria iniciou um namoro com Dorvalino.
Com o passar do tempo, os dois decidiram se casar. A cerimônia foi em 3 de fevereiro de 1951, algo bem simples, só com os familiares e os padrinhos.
De seu casamento nasceram cinco filhos, quatro mulheres e um homem.
Maria continuou se dedicando a sua família e também aos seus alunos, em 1953 houve a inauguração do prédio do Grupo Escolar Raimundo Corrêa. A professora sempre gostou bastante de teatro, dança e coral, sempre se divertia quando dava aula sobre isso aos seus alunos.
Maria comenta que seu trabalho de professora foi por vocação, que sempre gostou do que fez.
— Eu sentia orgulho ao ver meus alunos aprendendo e colocando em prática tudo o que eu ensinava, era gratificante — comenta.
A professora lecionou até 1972, quando se aposentou.
Logo em seguida, em 1973, seu marido Dorvalino foi eleito prefeito, Maria sempre o acompanhou em suas campanhas, dando total apoio.
Durante todo esse ano, Maria lecionou voluntariamente no Jardim de Infância Cinderela no Centro da cidade. Lá ela ensinou muitos cantos, alfabetizou alunos e encenou histórias.
Após finalizar o ensino na creche, ela trabalhou como voluntária pela comunidade até 1979.
Em 1981, ela ensaiou e dirigiu uma peça de teatro durante seis meses do Coral São Daniel.
Além de Maria Eugênia Serafim Rech ter sido a primeira professora de Seara, ela também foi a primeira mulher eleita para a Câmara Municipal de Seara durante seis anos, de 1983 a 1988.
Maria recebeu também uma homenagem da Fundação Cultural juntamente com a Secretaria de Educação e Prefeitura Municipal em 1988, dando seu nome ao Grupo de Teatro Maria Eugênia, por ter sido pioneira na área cultural da cidade, onde ensinou canto orfeônico, danças, declamação e teatro.
Maria escreveu também um livro “Em busca de novos horizontes”, onde conta sua história de vida, o livro encontra-se disponível na biblioteca municipal.
Hoje, com 92 anos, Maria Eugênia faz um agradecimento especial para todos os alunos que fizeram parte de sua caminhada e destaca que eles foram fundamentais para sua vida.
Essa foi a história de Maria Eugênia Serafim Rech.
E você, tem uma história bacana ou conhece alguém que tenha?
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