A história de hoje é a classe que percorre diversos km para encher as prateleiras dos supermercados, farmácias, e comércio em geral. Essa história começa em Linha Forquilha, interior de Seara, exatos 68 anos atrás, quando nasceu Jandir Luiz Bordignon. Popularmente conhecido como Padre, o caminhoneiro coleciona vários km rodados pelo Brasil afora. A Equipe […]
A história de hoje é a classe que percorre diversos km para encher as prateleiras dos supermercados, farmácias, e comércio em geral.
Essa história começa em Linha Forquilha, interior de Seara, exatos 68 anos atrás, quando nasceu Jandir Luiz Bordignon.
Popularmente conhecido como Padre, o caminhoneiro coleciona vários km rodados pelo Brasil afora.
A Equipe do Lance Seara conversou com Jandir Bordignon, um dos motoristas mais velhos de Seara, que comenta sobre seus 41 anos de estrada. Ele destacou momentos bons, dificuldades e os perigos diariamento enfrentados.
-Todo caminhoneiro tem um apelido, às vezes a gente não sabe nem o nome da pessoa. O Padre é por que antes de começar a viajar eu ajudava na Igreja. Eu sou ministro, um dos primeiros de Seara. Aqui na cidade ninguém me conhece pelo nome.
Jandir é o mais velho dos 10 irmãos, são seis mulheres e quatro homens. Aos 20 anos de idade, Jandir sai da casa dos seus pais e inicia sua jornada de trabalho em uma serraria em Seara, trabalho este que realizou pelos próximos sete anos.
Tempo depois, aparece uma oportunidade de emprego na empresa Seara.
– Lá eu carregava banha, carne defumada, barriga defumada para fazer bacon, carga seca. Puxava para São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Minas – explica.
Não demorou muito a vigilância já solicitar o transporte em câmara fria. O caminhoneiro sempre teve seu próprio caminhão, segundo ele – pagando devagar, sempre lascado.
As viagens duravam, em média, oito dias. Para voltar para casa era preciso arrumar outra carga para ser liberado.
O famoso Padre, já coleciona quilômetros por todo Brasil. O destino mais longe, segundo ele foi para Manaus. Quando fez o Mercosul, chegou a transportar produtos para o Chile e para a Argentina.
Jandir já viu de tudo na estrada, mas um dos fatos marcantes foi um engavetamento entre vários veículos com pessoas queimadas. Também destacou sobre a pior greve, onde ficou parado 11 dias no interior de São Paulo.
O Padre ainda destaca sobre a dificuldade maior de estar na estrada, a falta da família.
– A gente fica longe da família, comecei viajar meu filho era pequeno. Eu conheci a minha filha quatro dias depois de quando nasceu, eu estava em São Paulo e não arrumava carga para voltar – comenta.
O tempo foi passando, Jandir conta que logo o caminhão truck já caiu de linha e precisou investir em uma carreta.
– Então eu comprei um quatro eixo, que é um truque só que com um eixo a mais, em vez de ser dois eixos eram três. Mas era sofrido, o caminhão andava devagar e a era estrada ruim, então se andava mais no acostamento do que na pista – lembra.
Quando começou a trabalhar, Jandir comprou um telefone móvel, novidade da época, pois ninguém tinha.
– Uma vez não tinha nem rastreador, não tinha como ligar para ninguém, ninguém sabia onde estava – acrescenta.
O caminhoneiro não esconde sua devoção a nossa senhora aparecida. Em uma das viagens, o Padre já tinha encerrado seus trabalhos e descansava, exatos 25 km depois da aparecida quando foi assaltado.
– No Rio de Janeiro eu já fui assaltado. Era por volta de 03h00 da manhã quando bateram na janela do caminhão e falaram, “oh motora, vai socorrer teu colega que sofreu acidente”. E aí tinha muitos colegas que faziam esse mesmo trajeto, então acordei, levantei e abaixei o vidro, nisso o indivíduo mostrou a arma e anunciou o assalto – lembra.
Segundo ele, os bandidos estavam em dois e mantinham contato com comparsas por telefone, mas demonstravam o interesse apenas na carga.
-Eu fiquei no meio deles, pegaram a nota e só falaram para não reagir. Eu fiquei lá, parecia que não estava acontecendo nada – explica.
Por ser devoto de nossa senhora, Jandir carrega sempre a imagem da santa de aproximadamente 20cm. O fato curioso da história, foi quando o ladrão abriu a cortina da cabine do caminhão e encontrou a imagem de nossa senhora.
– Quando ele viu a imagem, ele parou. Foi um milagre mesmo, ele ficou parado olhando a imagem, nisso ele me cumprimentou e disse que não queria nada – relembrou.
Pai de dois filhos, depois de exatos 41 anos viajando Brasil a fora, hoje Jandir dedica-se a viagens mais curtas, e destaca sobre a classe dos caminhoneiros.
– A classe dos caminhoneiros tem muita força, tudo depende do transporte de tudo, tudo depende disso. Aeroporto, navio, alguém precisa levar até lá. Hoje em dia é mais difícil ainda, os motoristas estão desunidos – finaliza.
De uma coisa é certa, o popular Padre tem vários quilômetros rodados pelos Brasil e mundo a fora e coleciona diversas histórias.
Essa foi a história de Jandir Luiz Bordignon, Caminhoneiro de Seara.
E você, tem uma história bacana ou conhece alguém que tenha?
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