Nascida no interior de Concórdia, na Comunidade de Lageado dos Pintos, Cidiane Guisso sempre gostou de desenhar, então quando terminou seu ensino médio, decidiu ingressar no curso de Design para aprimorar seu conhecimento sobre o desenho.

No final de 2011, montou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre a imigração italiana, no qual criou seis personagens colonos venetos.

— Sempre gostei da cultura da imigração veneta (italiana) desde criança, por conviver com meus nonos maternos que falavam a língua veneta. Aprendi as coisas da cultura veneta com meus nonos e pais — comenta.

Cidiane além de sempre gostar muito desenho, gosta também de história e cultura. Dessas três coisas, ela já construiu e continua construindo um trabalho autoral de ilustração, que valoriza a história, cultura, agricultura e imigração veneta de sua região.

— Produzi sozinha, a primeira historia em quadrinhos que fala sobre a imigração veneta no sul do Brasil. Material didático educativo e cultural — destaca.

Quando começou a criar os personagens, em 2011, Cidiane deu continuidade ao trabalho de ilustrações e tirinhas, sem ganhar nenhuma renda. Em 2015, ela teve a ideia de fazer a história em quadrinhos.

— Mas devido a falta de apoio, principalmente a falta de dinheiro, eu comecei os primeiros esboços em 2018, bem tímidos. Em 2019 produzindo um pouco mais, e em 2020 dei o gás total na realização do meu sonho — relembra.

A ilustradora comenta que não foi nada fácil criar sua história em quadrinhos ” I Fioli de La Nostra Tera (Os Filhos da nossa Terra) “. Mas que uma voz dentro de si mesma, pedia para que ela realiza-se esse sonho.

Em novembro de 2020, Cidiane recebeu o reconhecimento do Governador do Veneto na Itália, por manter a essência da cultura, historia e língua de mais de 150 anos de imigração veneta.

Em decorrência de seu trabalho, a ilustradora teve publicações em três revistas italianas, das Cidades de Treiviso, Vicensa e Belluno, todas cidades da região do veneto. Ela vendeu sua história em quase todos os estados brasileiros e em diversas secretarias de Educação de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Questionada sobre investimentos futuros, Cidiane comenta estar trabalhando em novos projetos autorais, mas ainda sem nenhum apoio.

— Todo mundo acha bonito, me parabeniza e deseja sucesso, mas não é fácil trabalhar com arte, principalmente com desenho da imigração veneta italiana — frisa.

Cidiane finaliza dizendo que no que puder, irá continuar levando a cultura por meio da sua arte, pois a vida a pede todos dias para que ela se esforce e não desista, que continue criando e dando ânimo a essa cultura, a qual se não for feito algo brevemente, em poucos anos estará totalmente apagada.

As pessoas infelizmente não sabem que arte é coisa mais linda, verdadeira e sincera que vive pra sempre, a arte salva o mundo.